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CEE da Saúde Mental ouviu usuários da rede municipal de saúde

Falta de recursos, atendimento precário e falta de diálogo entre unidades de atendimento foram apontados pelos usuários
CEE da Saúde Mental ouviu usuários da rede municipal de saúde

Com informações Assessoria Marcos Papa - Fotos: Allan S. Ribeiro

A Comissão Especial de Estudos da Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio, presidida pelo vereador Marcos Papa (Cidadania),  ouviu na manhã desta quarta-feira, 29 de julho, dois usuários da rede municipal de saúde: Rodrigo Bernardo e Sun Ju Szu. A reunião também contou com a participação dos vereadores Marinho Sampaio (MDB) e João Batista (Progressista).

Mãe de um casal diagnosticado com transtorno, Sun Ju Szu é usuária dos serviços de saúde mental há 24 anos. Em busca por conhecimentos para ajudar os filhos, ela mudou de trabalho, cursou psicologia e se tornou psicóloga com especialização em saúde mental. Sun criou a AAPSI (Associação de Apoio ao Psicótico), que tem desenvolvido atividades online durante a pandemia. “Não queremos perder o vínculo principalmente para que, neste momento, não ocorram quadros de depressão. É necessário acompanhamento terapêutico. Gostaria de saber se os CAPS estão desenvolvendo atividades online”, questionou referindo-se aos Centros de Atenção Psicossocial.

Ainda em seu depoimento à CEE, Sun apontou falhas no sistema. “Penso que tem que melhorar muito. Se eu não tivesse ido buscar conhecimento, meus filhos não estariam como estão agora. Ouço muitas reclamações na AAPSI. Acho a estrutura precária. Preciso mostrar ao mundo que a gente pode mudar. Não sou salvadora, preciso de ajuda, mas acredito que tem que ter o entendimento dos familiares”, concluiu.

Formado em ciências contábeis, Rodrigo Bernardo, hoje com 38 anos, abandonou duas faculdades devido a questões de saúde mental. Ele foi diagnosticado com bipolaridade oscilando de fase maníaca ao quadro depressivo. O primeiro surto ocorreu em 2000. De lá para cá, foram cerca de 10 internações no Hospital Santa Tereza.

Segundo relato do usuário, o CAPS AD funcionava muito bem em 2001, mas, ao longo do tempo, o trabalho foi depreciando, a rotatividade de psiquiatras começou a aumentar muito. Atualmente é do CAPS II para tratar apenas transtorno bipolar. 

A falta diálogo entre as profissionais que tratam saúde mental no município é um problema “Mandam só uma carta de encaminhamento, o histórico não acompanha o paciente. Meu histórico no Hospital Santa Tereza não vai para o CAPS, aí o psiquiatra não tem como avaliar” afirmou.

Outro ponto apontado por Rodrigo é a falta de recursos para os CAPS para realizar tudo o que precisa.

O vereador Marinho Sampaio ressaltou ofício assinado por vários parlamentares, que foi enviado ao Governo do Estado, questionando o governador sobre a falta de profissionais no Hospital Santa Tereza, e também um caso de agressões a um morador de rua com problemas de saúde mental.  

Por fim, o vereador Marcos Papa destacou que o melhor remédio é a prevenção. “Ribeirão Preto pode, sim, tomar providências no sentido de ter equipamentos de saúde mental que funcionem e possam atender adequadamente a população”.

A data da próxima reunião da CEE da Saúde Mental será divulgada nos próximos dias.