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Comissão na Câmara recebe coordenador de saúde mental e usuários do SUS

Reforma nas leis e realidade da psiquiatria pública foram debatidas
Comissão na Câmara recebe coordenador de saúde mental e usuários do SUS

Fotos: Thaisa Coroado

A Comissão Especial de Estudos que avalia e propõe soluções para as filas do SUS, reuniu-se na tarde desta quinta-feira, 05 de julho. Os vereadores Marcos Papa (Rede), Gláucia Berenice (PSDB), Nelson das Placas (PDT) e Luciano Mega (PDT) receberam o psicólogo Marcus Vinicius Santos, coordenador de saúde mental de Ribeirão Preto.

Marcus Vinicius explicou sobre o fluxo de atendimento e encaminhamento para a saúde mental na cidade. Disse que assumiu a coordenação do setor no início deste ano, e que participa de um processo de mudança que acontece desde o ano passado na Secretaria, quando foi instituído o Conselho Gestor de Saúde Mental, composto por equipe de profissionais que representam diferentes componentes da rede.

Maria Zélia de Freitas é usuária do Sistema de Saúde por necessidades do filho, que sofre com transtornos mentais. Segundo ela, após 21 anos assistida na atenção psiquiátrica,  o setor ainda sofre com deficiências primárias e precisa de reforma nas leis. "Meu filho teve internações longas e isso foi prejudicial. Eu acho que é necessária a reforma psiquiátrica porque nesse tempo todo eu percebo que nada evoluiu", disse. A usuária lembrou também que o trabalho com pessoas que possuem transtornos mentais vai além da técnica, e deve ser feito com carinho e paciência. 

Tratando disso, o coordenador de saúde mental de Ribeirão disse que a Organização Mundial de Saúde direciona que os trabalhos de saúde mental devem ter ênfase nos serviços comunitários com base territorial e aplicação multidisciplinar médica e terapêutica. Portanto afirmou que o modelo atual adotado pela Secretaria da Saúde  visa a atenção psicossocial, por diferentes níveis, nas atenções básica, de urgência e hospitalar. Marcus Vinicius não acredita na eficácia das internações de longo prazo. "A internação a longo prazo não tem efetividade comprovada cientificamente. Ela serve para outras funções que não têm relação com a saúde mental, preenchendo lacunas de falta de moradia, assistência e políticas públicas", pontuou.

O usuário Carlos César Macedo disse que teve problemas psicológicos em 2017, quando procurou o SUS e recebeu atendimento de assistente social como primeiro procedimento. Segundo ele, o tratamento não foi adiante por número insuficiente de profissionais na rede, sentindo-se assim desassistido pelo poder público.  "A partir do momento que a rede de saúde tem meu telefone, ela tem obrigação de entrar em contato comigo. Pela ausência de atendimento a gente vê muitas pessoas perambulando pelas ruas, perturbadas e doentes", afirmou.

Ao final do encontro, Papa lembrou de que o trabalho é árduo, mas confia nos resultados.  "Estamos formando um corpo de conhecimento sobre o assunto. Não tenho dúvidas de que os casos ilustrados aqui na comissão vão ajudar a melhorar a saúde da nossa cidade", concluiu.

Mais informações sobre a CEE através do tel.: (16)3607-4008.

Por Marco Aurélio Tarlá