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Ensino remoto nas escolas municipais foi tema em Reunião Pública na Câmara

Desequilíbrio social é a principal preocupação de grupos envolvidos no debate
Ensino remoto nas escolas municipais foi tema em Reunião Pública na Câmara

O vereador Ramon, do Coletivo Todas as Vozes (PSOL), realizou na noite desta quarta-feira, 05 de maio, Reunião Pública para debater a garantia de acesso à internet e ensino remoto híbrido aos alunos da rede municipal de ensino.

Foram convidados pais de alunos, professores, diretores, coordenadores e demais profissionais que atuam nas escolas da cidade, além de entidades e representantes de movimentos sociais.

O debate é necessário, pois desde março de 2020, por conta da pandemia da Covid-19, as famílias brasileiras tiveram que se adaptar a uma nova rotina, com crianças em casa em período integral e participação nas aulas de forma remota.

Essa modalidade, no entanto, expõe a desigualdade que alunos e docentes da rede pública enfrentam no país. Alguns dos principais desafios relatados pelos usuários e professores são: acesso precário à internet, falta de equipamentos de tecnologia e de espaço físico em casa, além de todos os outros problemas sociais históricos.

A professora de História Patrícia Cardoso expôs alguns desses problemas e enfatizou o papel da educação como ferramenta de transformação social. “A responsabilidade é propiciar educação antirracista, emancipadora, inclusiva, multicultural e crítica, que valorize professores e alunos”, disse.

Márcio Silva, do Conselho Municipal de Educação, explicou que o ensino remoto é uma modalidade derivada da educação à distância, que presume mediação por tecnologias, em que todos os envolvidos devem ter posse dos equipamentos. Além disso, a modalidade prevê estrutura de cronograma e interação em plataforma específica pré-estabelecida, algo que não ocorre na rede pública de ensino. Segundo ele, os professores estão buscando interação com os pais e alunos com ferramentas diversas, conforme a disponibilidade de cada um.

“O que nós temos na rede municipal de ensino é a iniciativa e tentativa de manter um vínculo com famílias e alunos, para que sejam disponibilizadas informações e atividades que serão desenvolvidas de maneira não presencial. Essas atividades não conseguem exigir muito dos alunos, e esse é o principal fosso estabelecido em mais de um ano de atividade remota”, disse.

A professora da Universidade de São Paulo, Teise de Oliveira Guaranha Garcia citou um estudo recente desenvolvido pela UNICEF, que revela um cenário alarmante onde 5,5 milhões de crianças e jovens abandonaram a escola nos últimos dois anos no Brasil, sendo 4 milhões no período de pandemia.

Segundo o portal Agência Brasil, o estudo analisa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e indica que 1,38 milhão de estudantes de 6 a 17 anos, ou 3,8% do total, não participaram de aulas presenciais ou remotas em outubro de 2020. O percentual foi quase duas vezes maior que a média de 2019: 2%.

Pela necessidade urgente de iniciativas para o tema, o vereador Ramon informou que a partir do debate na Câmara, terá início uma campanha de ações junto aos movimentos sociais de Ribeirão para ampliar os acessos dessa população menos favorecida ao ensino remoto. Pretende-se abordar as questões de tecnologia, condições de trabalho dos professores e quais critérios precisam ser adotados para que haja eficiência na prestação do serviço aos pais e alunos da rede pública.

Texto: Marco Aurelio Tarlá (MTB 64.025/SP)

Fotos: Thaisa Coroado (MTB 50170/SP)