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Obesidade infantil foi tema de discussão do Fórum de Segurança Alimentar

Foram apresentados dados nacionais e municipais sobre a obesidade infantil, ações que o município tem implantado nas secretarias
Obesidade infantil foi tema de discussão do Fórum de Segurança Alimentar

Foi realizada durante a tarde desta terça-feira, 11 de outubro, reunião do Fórum Permanente de Soberania e Segurança alimentar, com o propósito de discutir a obesidade infantil.

O vereador Bertinho Scandiuzzi (PSDB), presidiu a reunião e a mesa foi formada pelo presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar de Ribeirão Preto, Joaquim Lauro Sando, o professor do curso de Nutrição da Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto, Fábio da Veiga, a nutricionista da Secretaria da Saúde, Maria Teresa Cunha Alves Cunha, e Daniel Eduardo Siqueira, representando a secretária da Assistência Social do município.

A apresentação realizada pelo professor Fábio, nos mostrou que a obesidade infantil começa com o desmame precoce, muitas vezes a sociedade cultua o desmame precoce, e dificilmente o aleitamento ocorre até os dois anos de idade conforme o recomendado.

Alimentos ultraprocessados como bolachas, macarrão instantâneo, doces e guloseimas são grandes vilões na luta contra a obesidade infantil, e Fábio destacou a frase “ Descasque mais, desembale menos”.

Quanto aos dados apresentados, o professor mostrou que em 1989 foram diagnosticadas 3,2% crianças de 05 a 09 anos com obesidade. Em 2009 esse número saltou para 14,3% e em 2019 13,2%. Já com os adolescentes os índices encontram-se em aumento, 1989 com 1,8%, 2009 aumentou para 4,9% e em 2019 essa porcentagem quase dobrou, 9,7%.

O professor acredita que durante a pandemia esses índices tenham aumentado consideravelmente, mas ainda não foram coletados dados.

A estimativa para 2030 é que no Brasil teremos 22,7% de criança entre 05 a 09 anos com obesidade, e 15,7% dos adolescentes sejam considerados obesos. E com essa perspectiva o Brasil ocupará a 5ª posição no ranking de países com maior número de crianças e adolescentes com obesidade. E se nada for feito atualmente teremos 2% de chance de reverter esse quadro.

As consequências da obesidade infantil foram enumeradas por Fábio, que citou a hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, síndrome metabólica, acúmulo de gordura no fígado podendo ocasionar cirrose hepática, alguns tipos de câncer, escoliose, síndrome do ovário policístico, entre outros.

Já no campo psicossocial, a obesidade é responsável pelo bullying, isolamento social, ansiedades, depressão, compulsão alimentar, baixa autoestima, baixa empregabilidade e baixos salários na vida adulta.

Segundo o professor, em 2019 a obesidade no Brasil causou um gasto de 39 bilhões de dólares com custos diretos e indiretos. E a projeção para 2060 é que este custo seja de 181 bilhões de dólares. E encerrou a apresentação lembrando da importância de políticas públicas para a prevenção da doença e promoção da saúde.

Em seguida a nutricionista da Secretaria da Saúde, Maria Teresa, relatou dados do município e as ações implantadas pelas secretarias municipais.

Em 2021 foram analisadas 22.378 crianças em Ribeirão Preto, destas 11,7% estavam com risco de sobrepeso, 9,8% com sobrepeso, 7,8% foram diagnosticadas com obesidade, e 2,7% com obesidade grave. Com baixo peso havia 3,36%. E comparando com os dados nacionais, Ribeirão Preto segue como o restante do país. A nutricionista relatou ainda que 33% das crianças abaixo de dois anos haviam consumido algum produto ultraprocessado no dia anterior.

Quando foram analisadas crianças de 06 meses a 23 meses, faixa etária que deveria priorizar o aleitamento materno, 21% haviam consumido bebidas adocicadas ou doces e guloseimas, 16% ingeriram macarrão instantâneo ou salgadinhos ou biscoitos de pacote.

Entre as crianças de 02 a 04 anos de idade, 87% consomem produtos ultraprocessados e 69% bebidas adocicadas. Com as crianças entre 05 a 09 anos esse índice é ainda maior, 93% consomem alimentos ultraprocessados e 76% bebidas adocicadas.

“Nós somos o que o ambiente nos proporciona” frisou a nutricionista, e explicou que não só o ambiente familiar é muito importante no desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis, mas locais adequados próximos à residência para incentivar a prática de atividades físicas. O ideal é a parceria da Secretaria da educação com a Secretaria da Saúde.

As ações desenvolvidas pelo município dentro das secretarias da Saúde que conta com a estratégia de aleitamento materno, capacitação dos profissionais sobre a promoção de alimentação saudável, a Vigilância alimentar e nutricional, parcerias com universidades de nutrição, entre outros programas. Já a Assistência Social desenvolve o Projeto Tudo de bom no pratinho, a promoção sobre procedimentos e adequações de alimentação saudável, e a Educação mantem um cardápio saudável conforme documento da OPAS - Organização Pan-Americana da Saúde, criança menor de 03 anos não consome açúcar, mantem também o diagnóstico nutricional e educação alimentar.

Durante o evento foi salientado que o aumento do consumo ultraprocessado se deve ao valor mais acessível à população de baixa renda, e muitas vezes a família se alimenta do que recebe em doações.

O presidente do COMSEAN, citou as hortas urbanas que ainda carece de regulamentação, mas que seria uma das políticas no combate à obesidade.

A reunião contou com a presença do vereador André Rodini (Novo) que assumiu a presidência no decorrer do evento e representantes da Secretaria da Educação, Secretaria da Saúde e da Secretaria da Assistência Social.

Texto: Silvia Morais (MTB 77105/SP)

Fotos: Thaisa Coroado (MTB 50170/SP)